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Rock in Rio tem fim anticlimático com chuva e Guns N’ Roses

Muita água e enrolação testaram a paciência dos fãs de Axl Rose na Cidade do Rock

Paulo Terron, do Rio de Janeiro Publicado em 03/10/2011, às 07h35 - Atualizado às 12h49

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Embaixo de chuva, Guns N' Roses sobe ao palco Mundo no Rock in Rio  - Foto: Rodrigo Esper/FlickrRiR
Embaixo de chuva, Guns N' Roses sobe ao palco Mundo no Rock in Rio - Foto: Rodrigo Esper/FlickrRiR

Com 25 anos de carreira e muitos hits, não é muito difícil fazer um bom show. Basta certa vontade e alguma boa vontade. Mas Axl Rose e, consequentemente o Guns N’ Roses, não trabalham com regras, como provaram no encerramento da quarta edição do Rock in Rio, na manhã desta segunda, 3.

Não dá para culpar Rose pelo atraso de quase 90 minutos para o início da apresentação: uma forte chuva desabou sobre a Cidade do Rock mais ou menos na hora prevista para que a banda começasse a tocar. Assim como o gramado sintético, o palco ficou cheio de poças d’água.

Remediada a questão, o Guns subiu ao palco com “Chinese Democracy” pouco antes das 3h. “Boa noite, bom dia”, brincou o vocalista, sorridente e vestindo uma capa de chuva amarela, antes de emendar “Welcome to the Jungle”. O clima apoteótico continuou com “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone”, mas despencou bruscamente com “Sorry” que, para piorar, foi emendada em um solo de guitarra de Richard Fortus. Por mais virtuoso que o instrumentista seja, apenas uma parcela ínfima da plateia estava disposta a ficar na chuva, na madrugada, para ouvir uma versão do tema de Missão Impossível (ou da Pantera Cor de Rosa ou um arranjo de piano para “Baba O’Riley”, do Who, que vieram mais tarde).

Entre essas demonstrações dos músicos e improvisações para disfarçar as sumidas de Rose (“Sunday Bloody Sunday” se encaixou no começo de “November Rain”, mas até “Killing in the Name”, do Rage Against the Machine, foi citada), o Guns N’ Roses foi perdendo parte da plateia, cansada e molhada, a cada minutos de enrolação e/ou perda de tempo.

Claro que houve inegáveis momentos de êxtase: “Sweet Child O' Mine”, “You Could Be Mine”, “Knocking on Heaven’s Door” e o resgate de “Estranged”, ansiado pelos fãs desde os tempos de Use Your Illusion, no começo dos anos 90. “Fazia uns 18 anos que não tocávamos essa”, explicou Rose sobre a canção. “E vocês”, disse para a banda, “só a tocaram umas três ou quatro vezes nas duas últimas semanas. Peço desculpas por isso.” Não havia motivo para o pedido, já que a faixa foi executada com precisão, mesmo tendo sido pouco ensaiada.

Em um déjà vu da edição de 2001 do Rock in Rio, Axl Rose chamou ao palco sua assistente pessoal, a brasileira Elizabeta Lebeis – desta vez acompanhada pelo pai e pela irmã – e fez o público responder com o nome dela à pergunta “de quem é a culpa?”. Ao levar um tapa de repreensão pela brincadeira, o cantor retrucou: “Ela sempre me bate. É uma relação passivo-agressiva!” A canção “Better”, aparente homenagem a Elizabeta, veio logo depois.

Um momento estranhíssimo fechou a noite: quando o Guns N’ Roses retornou para o bis executando “Patience”, tudo foi bem até que o vocalista ameaçou parar a música perto do final. Resmungou algo, disse “eu é que não tenho paciência”, e ficou parado, de olhos fechados e com expressão facial de ódio, até que o grupo puxasse a parte vocal final. Ao terminar, atirou algo em uma pessoa que estava ao lado do palco. Para o encerramento, com “Paradise City”, o artista ainda estava nervoso, mas foi se acalmando ao longo da música. Os fãs que ainda estavam por lá, ainda ensopados de chuva e já vendo um novo dia raiar, mostrarem-se bem mais pacientes e tolerantes.