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Como Kurt Cobain transformou desespero em 'Something in the Way,' faixa mais complicada de Nevermind

"Something in the Way" misturou sentimentos de Cobain com ficção para se tornar uma das músicas mais introspectivas do Nirvana

Kurt Cobain
Kurt Cobain

Nevermind (1991), aclamado disco do Nirvana, conta com hits como "Smells Like Teen Spirit" e "Come as You Are," mas nenhuma dessas faixas trouxe tanta dificuldade durante a gravação como "Something in the Way." 

Kurt Cobain, que morreu há exatos 29 anos, no dia 5 de abril de 1994, escreveu a faixa em 1990 - meses antes do início dos trabalhos em estúdio com o álbum. Sua inspiração foram os próprios meses de desespero e melancolia que viveu por volta de 1985, quando dormia em qualquer lugar que encontrasse - na biblioteca local, sala de espera de hospitais e até na varanda de amigos, conforme descrito pelo Ultimate Classic Rock.

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O vocalista e guitarrista também passava quantidade razoável de tempo embaixo de uma ponte no rio Wishkah, mas nunca chegou a pernoitar por lá, diferente de rumores que circularam durante a ascensão da banda.

"Imaginei como seria se estivesse morando embaixo da ponte e morrendo de AIDS. Eu não conseguia me mover, era como uma pessoa na rua. Esse era o tipo de fantasia por trás," Cobain explicou sobre "Something in the Way."

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"Debaixo da ponte / Já há mais um vazamento / E os animais que peguei / Todos já se tornaram meus mascotes / E estou vivendo só de grama / E de gotas que descem do teto / Mas não faz mal comer peixes / Afinal, eles não tem sentimentos," dizem os primeiros versos da canção.

Captar a melancolia de "Something in the Way" no estúdio não foi uma tarefa simples. Dave Grohl, Krist Novoselic e o produtor Butch Vig tentaram trazer a ideia de Kurt para a dinâmica da banda. Após tentarem gravar com diferentes arranjos sem sucesso, o vocalista foi até a sala de controle e tocou sozinho, com um violão acústico.

"Ele tocou seu violão de cinco cordas, que ele nunca afinava, mas tinha um som único, quase como um ukulele. Isso deu muita personalidade. Ele cantou quase sussurrando, você conseguiria ouvir um alfinete caindo. Desconectei o telefone, desliguei o ar-condicionado, posicionei os microfones, e ele gravou lá mesmo. Foram três takes no sofá da sala de controle," Vig afirmou no livro Classic Rock Albums: Nirvana - Nevermind