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Elvis quer ser Hendrix

Menino é pressionado pelo pai para tornar-se uma cópia de Elvis Presley, em "Elvis Pelvis", exibido no Festival de Cinema do Rio

Adilson Pereira, do Rio, para o site da RS Publicado em 24/09/2007, às 10h46 - Atualizado em 05/11/2007, às 19h20

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Cena do primeiro longa dirigido por Kevin Aduaka, nigeriano que vive na Inglaterra - Divulgação
Cena do primeiro longa dirigido por Kevin Aduaka, nigeriano que vive na Inglaterra - Divulgação

"Elvis Pelvis", escrito/produzido/dirigido pelo estreante Kevin Aduaka, ao contrário do que sugere o título, não é um compêndio sobre rockabilly e/ou heróis do universo da música. A fita de 95 minutos (mostra Agnes B, Festival do Rio) abriga recortes em que o espectador pode reconhecer várias referências ao cotidiano da vida contemporânea. Há bastante de violência doméstica, claustrofobia e solidão. Põe solidão nisso. E com uma estética meio à YouTube.

Um garoto negro sofre a pressão do pai para tornar-se uma espécie de cópia daquele famoso ícone americano. Uma pressão que se sobrepõe a tudo. Batizado Elvis, o moleque passa por dolorosas sessões de alisamento de cabelo e vê o papel de sua mãe anulado. Detalhe importante é uma festa de aniversário em que ganha uma ridícula roupinha branca para poder posar de rei do rock. Um reinado que ele dispensa.

No início, com o pai contando história e interagindo com o menino, até parece que há, ali, alguma ternura. Aos poucos, cresce a maluquice que permeia o filme. Como que em oposição à vontade do pai, o garoto usa um tapa-olho que parece servir para aproximá-lo da imagem de Jimi Hendrix, distanciando-o daquela coisa de lindinho que Elvis sugere. Parece, no entanto, que ele só estará livre daquele tormento quando seu pai morrer.

O Elvis do filme não morre. Ressurge de forma abrupta, já adulto, vestindo-se de Hendrix e às voltas com os mesmos ingredientes que embalaram sua infância: dor, isolamento, cômodos apertadíssimos, tomadas feitas com grandes-angulares e muito, muito leite. Parece até piada: como se bebe leite neste filme. É leite que ele vez ou outra serve para um velho bêbado que escolhe como segundo pai. Alguém que parece gostar do roqueiro "certo". Elvis assume o lugar do verdadeiro filho - que não por acaso se chama Jimi - daquele velho alcoólatra. Um breve reencontro com sua infância. Mas nada de reconciliação. Nada de felicidade.

"Elvis pelvis", de Kevin Aduaka

Segunda, 24/09:

Cine Glória (Memorial GV): 15h30 e 19h15

Pça Luís de Camões, Glória. Ingresso: R$ 6,00

Informações: 21 2556-0781