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Banda alemã de reggae faz show gratuito em SP ao lado de Criolo

“Nossa arte é tocar ao vivo”, diz vocalista do Seeed, grupo com 17 integrantes que se apresenta no sábado, 24, no Auditório do Ibirapuera

Lucas Brêda Publicado em 22/05/2014, às 10h39 - Atualizado às 11h37

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SEEED - Divulgação
SEEED - Divulgação

Dezessete músicos no palco – 11 formam a banda “básica” – em uma mistura de reggae, hip-hop e dancehall. A formação cheia, assim como a variedade de sons, entre metais, percussão e três cantores, são características do Seeed, natural de Berlim, na Alemanha, que se apresenta de graça neste sábado, 24, no Auditório do Ibirapuera. A performance contará com a participação de Criolo.

Criolo projeta bairro do Grajaú daqui 30 anos no clipe das músicas “Duas de Cinco” e “Cóccix-ência”.

“Mostraram-nos alguns vídeos dele na internet”, diz Frank Dellé, um dos três vocalistas do grupo, em entrevista por telefone à Rolling Stone Brasil, sobre as músicas de Criolo. Apesar de nunca ter ouvido um disco do rapper, Dellé se mostrou animado em “conhecer gente que esteja fazendo música como nós fazemos na Alemanha”. “Quando vimos no vídeo o jeito como ele toca, o que ele faz o show, e as pessoas que estão em contato com ele, foi muito cativante – ainda que eu não entenda as letras.” Não saber nenhuma palavra de português não impediu o alemão de captar o que há de mais forte na mensagem do brasileiro: “Eu vi uma entrevista dele – tudo é em português, então é muito difícil para eu entender – e percebi que é mais isso [críticas sociais] do que só música de entretenimento”.

Em contrapartida, o uso de ternos, as danças e a festa promovida pelo Seeed no palco são quase antônimos à melancolia furiosa e combativa de Criolo. “Não somos reprimidos, não somos do gueto”, ele diz, “nós falamos do que se passa nas nossas vidas”. Dellé conclui: “Sempre usamos as músicas para expressar o que realmente somos”.

11 integrantes

O Seeed toca com 17 músicos em cima do palco, entretanto, sem os músicos contratados, a banda base, que se reúne para compor e está junta há 15 anos, tem “só” 11 integrantes.

“Não somos como ‘quaisquer’ 11 pessoas. Conhecemo-nos como uma família. Sabemos o que alguém vai dizer”, ele explica sobre o entrosamento com os outros integrantes na hora de compor. Se parece difícil dar um rumo criativo para 11 cabeças pensantes e ativas, Dellé parece bem certo de que o entendimento entre os companheiros de banda, musicalmente, se dá em uma convergência de ideias quase espontânea, graças aos anos tocando juntos. “A mensagem do Seeed é muito clara, é como uma lei não falada”, ele afirma.

“Espera um momento”, interrompe o vocalista, a certa altura. Dellé fala ao fundo algumas frases rápidas em alemão, respondidas na mesma língua por uma voz distante e infantil. Depois, retorna ao telefone aos risos. “É a minha filhinha. Ela acabou de voltar de um compromisso”, ele explica. A essa altura, o amadurecimento pessoal já faz parte da realidade do Seeed. “Nos últimos 15 anos, muitos de nós viramos pais, nós crescemos. Então essa lei cresce conosco.” Dellé conclui: “Nunca está 100% para todo mundo. Mas se você capta 80% de cada um já é muita coisa!”.

Alemão e cosmopolita

Intrinsecamente ligado a Berlim, o Seeed começou no fim dos anos 1990 como um encontro de músicos de diferentes grupos e projetos. Pessoas que, segundo Dellé, “faziam música desde os 15, 16 anos de idade”. O grupo sintetizou as influências de James Brown e Bob Marley e lançou três discos – New Dubby Conquerors (2001), Music Monks (2003) e Next! (2005) – em cinco anos, coroando o sucesso na Alemanha com um álbum ao vivo, Seeed Live, no ano seguinte.

“Demorou um tempo para conseguir juntar tudo”, ele lembra, falando da mistura de reggae e dancehall que hoje é a grande força da banda, além de motivo do reconhecimento para Dellé e seus outros dez companheiros. “Muitas bandas espalhadas pelo mundo costumam copiar Bob Marley, entre outros, mas nós nunca fizemos isso.”

Apesar da forte ligação com a Alemanha, o Seeed tem como marca a pluralidade de referências, sendo a música jamaicana a principal delas. Se, por um lado, o país germânico não é tão conhecido pela produção musical recente, a cidade de Berlim combina bem com o som da banda de Dellé, já que lá reina a convivência entre diferentes culturas, como em outras grandes cidades cosmopolitas do mundo como Nova York, Londres, Cidade do México ou até mesmo o local do show do grupo este fim de semana, São Paulo.

Poder ao vivo

Com um hiato entre 2007 e 2009, alguns integrantes da banda realizaram projetos solo. Dellé veio ao Brasil para gravar um videoclipe, no Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro (“São pessoas bonitas!”, ele diz sobre o que viu no local). A apresentação em São Paulo é, porém, a primeira do Seeed na América do Sul, e faz parte da turnê do disco Seeed, de 2012.

Apesar de dividir o repertório entre canções em inglês e alemão, grande parte das faixas mais famosas do grupo é cantada na língua mãe dos integrantes. “Acho que se você tem um discurso, é muito mais importante do que apenas as letras das músicas. É como o Criolo, eu não sabia o que ele estava cantando, mas o que eu vi realmente me convenceu”, diz Dellé. “A língua não vai ser um problema. Com certeza não será.”

E as batidas e grooves energéticos tocados ao vivo são o que os alemães têm de melhor para mostrar, uma vez que as apresentações ao vivo são o ponto forte do Seeed. “Nossa arte é tocar ao vivo”, ele declara, “mesmo que você tenha um DVD ao vivo, ou um cinema 3D ou o melhor fone de ouvidos do mundo. Tudo isso é besteira. Você tem que ver um show pessoalmente.”

“Eu me lembro da primeira vez que assisti a um show do Michael Jackson, em 1998”, narra. “Não era meu estilo de música favorito, eu tinha 18 anos, e eu pensei ‘uau’. Não se trata do som, mas do visual. Trata-se de levar as pessoas para outro mundo quando tocamos ao vivo.”

Com uma carreira já consolidada e reconhecida na Alemanha e em parte da Europa, o show no Auditório do Ibirapuera é a chance de conquistar uma nova plateia, a brasileira. Se o potencial desconhecimento por parte do público geralmente é tido como desapontador, Dellé discorda dessa premissa. “Acho que as pessoas não vão criar muitas expectativas, por isso ficarão surpresas. E eu gosto disso”, ele afirma.

Seeed em São Paulo

24 de maio, sábado, às 19h

Auditório Ibirapuera - Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 - Parque Ibirapuera

Grátis

Informações: 11.3629-1075