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Relembrando Steve Jobs

O fundador da Apple foi inspirador, monumental, inesquecível e é simplesmente insubstituível

Benjy Eisen Publicado em 07/10/2011, às 16h47 - Atualizado às 17h39

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No lançamento do MacBook Air, em 15 de janeiro de 2008 - AP
No lançamento do MacBook Air, em 15 de janeiro de 2008 - AP

Enquanto o presidente norte-americano Barack Obama frisa que “boa parte do mundo ficou sabendo a respeito de sua morte usando algum aparelho inventado por ele”, é fácil esquecer que o fundador da Apple, Steve Jobs, impactou nossas vidas cotidianas de forma muito mais profunda – antes de colocar computadores em nossas mãos com telefones celulares e aparelhos portáveis, Jobs primeiro colocou computadores em nossas casas. Foi sob a sua visão que a Apple introduziu a primeira era de lançamento de computadores pessoais e desktops, no final da década de 70. Seus produtos, conceitos, designs e filosofia geral foram e continuarão sendo enormemente influentes. E talvez seja mesmo por causa da forma como seu gosto pessoal modelava cada uma de suas criações que sua morte tenha tocado tantas pessoas e de forma tão profunda.

De fato, com muito da atenção das pessoas voltada para protestos contra a ganância corporativa, em Wall Street, a morte do CEO de uma empresa particularmente grande – uma que temporariamente ultrapassou a Exxon Mobile como a mais valiosa do mundo, este ano –, inspirou nada menos do que tributos no mundo todo e uma demonstração coletiva de amor, respeito e recordação esta semana. Mas Jobs, que morreu na última quarta, 5, após uma batalha de sete anos contra câncer de pâncreas, não foi um CEO qualquer. Ele foi um CEO extraordinário.

Na quarta, quando a notícia de sua morte se espalhou, tributos começaram a dominar a internet, incluindo tuítes escritos por todos, celebridades e anônimos. Epitáfios foram publicados a noite toda em incontáveis sites, desde portais de notícias, até publicações de música, tecnologia e literatura. Músicos também apontaram os impactos significativos e positivos de Jobs na indústria musical – e em suas vidas pessoais. “Obrigado por todas as ferramentas, a inspiração e possibilidades”, escreveu Trent Reznor, do Nine Inch Nails. O prêmio Grammy tuitou "obrigado por revolucionar a forma como ouvimos música. Sua visão não será esquecida". O roqueiro Sebastian Bach escreveu "obrigado por me permitir colocar toda a minha coleção de CDs no meu bolso. Você tornou viagens de avião muito mais divertidas, entre outras coisas".

Outras figuras públicas, atores como Danny DeVito e o âncora Terry Moran, também deram seus pareceres. Seus colegas e até os competidores da indústria – incluindo os CEOs e/ou fundadores da Microsoft (Bill Gates), Google (Larry Page), Yahoo (Jerry Yang), Twitter (Dick Costolo), Amazon (Jeff Bezos), Facebook (Mark Zuckerberg) e outros – todos fizeram declarações que resultavam na mesma coisa: Steve Jobs foi uma inspiração, monumental, inesquecível e simplesmente insubstituível. Seu sucessor na Apple Inc., Tim Cook, em um e-mail aos funcionários, reconheceu que nunca estaria à altura: "Steve deixa para trás uma empresa que somente ele poderia ter construído, e seu espírito será para sempre o alicerce da Apple".

Lojas da Apple – todo um outro negócio que floresceu sob a batuta de Jobs – foram invadidas, segundo foi noticiado, por tributos e memoriais. Enquanto os planos para um serviço funerário mais oficial só foram organizados na quinta, 6, tributos instantâneos surgiram no mundo todo, muitas vezes com o uso da mesma tecnologia que Jobs inventou. Na tarde da quinta, 6, foi noticiado que algumas lojas da Apple, incluindo uma em Tóquio, mostrava a imagem de um app de uma vela acesa em seus iPads e iPhones, que estavam dispostos ao lado de flores e outros itens do gênero.

É fácil esquecer que esse é um cara que largou a faculdade, usava ácido e chegou a ser chutado da própria empresa que ajudou a criar. Na verdade, embora o trabalho que fez ao longo da vida tenha tido um alcance mundial, sua história é bastante norte-americana – ele viveu o sonho. Nascido na Bay Area de São Francisco em 1955 e criado por pais adotivos, Jobs passou um tempo em uma comuna hippie em Oregon – aliás, em uma fazenda de maçãs. Depois disso, vendeu seu Volkswagen para ter o dinheiro inicial para a Apple. E lançou o negócio com base na garagem de seus pais. Esse negócio se tornaria, mais tarde, uma empresa que, em 2011, por algum tempo, foi a dona do maior capital de mercado do mundo.

Jobs superou empecilhos, é verdade; mas ele também nos mostrou que às vezes a melhor forma de fazer algo é de forma diferente de tudo que já tinha sido pensado. "Pense diferente" se tornou o slogan da sua empresa. Jobs incorporava isso não somente com computadores pessoais, música digital e telefones celulares, mas também na forma como vivia sua vida. Um vídeo do YouTube de seu discurso de 2005 em Stanford se espalhou pelo Facebook na quarta, 5, enquanto falas desse discurso apareceram em incontáveis atualizações de status. Então, enquanto o mundo moderno foi significativamente impactado – e melhorado – pela tecnologia que Jobs colocou, literalmente, em nossas mãos, ele também teve aquela habilidade rara de nos inspirar em um nível espiritual também.

Não somente com sua história de vida, mas com suas ações cotidianas, filosofias e sistemas.

No fim, ele foi ainda um farol de luz para aqueles afetados pelo câncer de pâncreas. O tempo médio de vida de alguém diagnosticado com a doença é menos de oito meses. Jobs, que teve um tipo raro e menos imediato do câncer, não só viveu por mais sete anos, como, durante a maior parte desse tempo, continuou comandando a Apple, na função de CEO, apresentou produtos inovadores ao planeta e ainda mexeu com os nossos mundos.

Quando pessoas amadas morrem, não é incomum que aqueles que ficam para trás digam, metaforicamente, que irão levar essa pessoa com elas aonde quer que vão. No caso de Jobs, milhões de pessoas no mundo todo vão realmente carregar um pedaço dele com elas – em seus bolsos, pastas e bolsas – por muitos anos.